Plano da Deso ataca conquistas dos trabalhadores e privatiza mais da metade de toda a empresa

Justificativas apresentadas são de cunho neoliberal idêntica as utilizadas por Collor e FHC

Mesmo depois de não cumprir como havia combinado com o Sindisan, vetandoindicações da categoria para compor a comissão de estudos do PCCR, a direção da Deso escondeu debaixo de sete chaves a proposta do Plano. Mas tivemos acesso a uma cópia de um documento com carimbo de confidencial e tudo mais: “Modelo de Gestão por Competência – Resumo Executivo”, datado de 4 de março de 2010.
Segundo informações obtidas, trata-se do mesmo documento encaminhado para o Conselho de Administração da Deso, o qual a empresa pretende a aprovação sem qualquer discussão com a categoria.

Como a Deso não prima pela transparência, colocamos à disposição todo o conteúdo do documento na nossa página na Internet

O pior é que se trata de uma proposta que não está totalmente concluída, mas que já indica as pretensões e a visão neoliberal dos atuais dirigentes
da Deso. Segundo o documento, a empresa pretende empurrar goela abaixo mudanças no contrato de trabalho, como a alteração da jornada de trabalho para 220 horas mensais independente da carga horária contratada, o que é ilegal, pois configura uma mudança unilateral de contrato de trabalho.

Mentira – A Deso, durante a negociação deste acordo vigente, alegou que não poderia atender às reivindicações contidas na pauta da categoria, porque muito do que estava sendo exigido seria contemplado com a implantação do PCCR. Porém, não é o que vai acontecer. Pela proposta, a empresa vai economizar bastante na folha, reduzindo direitos e aumentando carga horária.

Autoritário – A direção da Deso quer fazer uma verdadeira guerra entre os trabalhadores com a instituição de um ranking dos profissionais, e ainda
incorpora todo um espírito autoritário, garantindo, inclusive, poder de veto à diretoria da empresa nos casos de promoção por mérito.

Ganho – O mais estranho nesse plano: a empresa gastará R$ 41.200,42 com o aumento das funções gratificadas e apenas R$ 68.279,77 com o
enquadramento total na folha. Moral da estória: a empresa cria um plano que privilegia a competição e aumenta muito a remuneração das chefias, mas não repassa o mesmo aumento para os trabalhadores em geral. O que todos não sabem é que muitos dos que ocupam cargos de chefia hoje,
não poderão ocupar quando o plano for implantado.

Anuênio – Quando os novos funcionários da Deso solicitaram da empresa extensão do anuênio, foi dito que no plano haveria uma forma de
progressão mais “moderna”. Esse termo moderno hoje quer dizer: progressão por avaliação de desempenho condicionada à existência de recursos
na diretoria a qual o trabalhador está subordinado, e ainda podendo ser vetado pela direção. Essa progressão será de 4% ao ano, dependendo dos
critérios “modernos” citados acima.

Privatista – A Deso quer transformar uma série de cargos em auxiliar, colocando-os em extinção, os quais não serão mais contratados novos empregados para essas funções. São hoje 762 empregados nos cargos de: Oficial de Manutenção, Técnico de Manutenção de Redes e Equipamentos, Encanador I, Encanador II, Operador de Unidade de Produção I e II, Operador de Estação de Bombeamento, Operador de Máquinas Pesadas, Auxiliar de Serviços Operacional, Torneiro Mecânico, Assistente de Gestão Operacional I, Operador de Rádio, Desenhista, Auxiliar de
Serviços Gerais, Assistente de Gestão Administrativo I, Agente Administrativo Operacional, Motorista, Agente de Serviço, Auxiliar de Apoio
Administrativo, e Mecânico Eletricista de Autos que a Deso quer colocar nessa situação.

Plano da Deso é privatista: querem entregar mais da metade da empresa às empreiteiras

Com tal intenção, não é difícil projetar o que vai acontecer num futuro bem próximo na medida em que os atuais contratos de
trabalho forem rescindidos, seja por aposentadoria, PDV, ou morte… Sem dúvida, serão contratadas empreiteiras para dar continuidade aos serviços, o que representa a privatização de mais da metade da Deso via terceirização.

Casuísmo – com a criação de uma nova tabela salarial, o modelo também mostra seu lado casuísta, pois os empregados que tiverem salários
acima do último nível da tabela serão presenteados com uma política salarial própria. Segundo o documento, estes ficaram no último nível e a
diferença será garantido a correção anual pelo INPC. Trata-se de um prêmio para aqueles que incorporaram gratificações, como as que ocorreram
no apagar das luzes do governo passado.

Economia e ataques às conquistas – Segundo o documento, o custo com o enquadramento dos empregados será de 2,53% da folha nominal, mas
na verdade representa uma economia de R$ 519.952,13, o que representa 23,55% da folha nominal. Economia obtida com a retirada de
conquistas históricas. Conforme o documento, a Deso quer aumentar as gratificações, destinando para isso o montante de R$ 41.200,42.
Para completar, a tabela salarial apresentada estica ainda mais para os cargos de nível superior e em nada fala sobre a dívida que a Deso tem com o
pessoal das Classes Salariais de 1 a 9 – Revisão do PCCS (segunda etapa), apesar de a atual direção ter encaminhado no início dessa gestão, se
comprometendo a estender turno corrido de seis horas para os novos contratados e de revisar o PCCS para o pessoal das classes salariais de 1 a 5,
ficando o pessoal das classes de 6 a 9 para o ano seguinte, e depois, recuou e até diz que essa proposta nunca existiu; no entanto, temos a
proposta nos arquivos do Sindicato devidamente assinada.

Enfim, os argumentos apresentados, como a de buscar a modernização da gestão, agilidade e de adequação ao mercado, são os mesmos
argumentos que já foram utilizados pelo expresidente Collor para justificar a implementação das políticas neoliberais no Brasil, e pelo expresidente
Fernando Henrique Cardoso para justificar o programa de privatização.

O Sindisan já acionou a assessoria jurídica do sindicato para tomar todas as providencias necessárias para combater mais esses ataques aos
trabalhadores.

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