lanterna diogenes

Precisaremos de mais lanternas de Diógenes

lanterna diogenesConta a história grega que o filósofo Diógenes de Sínope andava pelas ruas de Atenas, em pleno dia, com uma lanterna acesa. Perguntaram a razão para tal atitude e este respondeu que estava à procura de um homem honesto.

Nos dias de hoje, como nos tempos de Diógenes, a maioria da nossa sociedade também procura, em plena luz do dia, uma figura que passe confiança por sua integridade moral, em meio a todo o terrível mar de lama que encobre o país.

Hoje, no Brasil, vemos decair a níveis baixíssimos a reputação da classe política que vive uma realidade totalmente desconexa e adversa em relação a dos trabalhadores e demais cidadãos comuns. E, dentro dessa realidade, instituições importantes, como o Supremo Tribunal Federal (STF), que deveria ser isento e imparcial, tem se mostrando completamente alheio ao seu dever de fazer justiça.

Se um político é condenado e preso por corrupção passiva ou ativa, tornou-se muito comum os autoproclamados deuses da Suprema Corte, quando lhes interessa e de forma muito seletiva, salvar a reputação dos que usam a política para se locupletar, em decisões, muitas vezes, grotesca. Perde-se, assim, o senso da verdadeira justiça.

Quando se vê alguém firmar o seu compromisso com a ética, a honestidade e a competência como um diferencial, não como obrigação, e este acaba logo rotulado de “símbolo da ética ou guardião da moral, é melhor abrir bem os olhos sobre esta figura. A realidade e a história têm mostrado que grande parte das pessoas que assim se apresentam, escondem uma práxis totalmente contrária, não passando de enganadores sem escrúpulos.

Devemos sempre nos esforçar para saber diferenciar os bons e os justos dentre eles. O Povo tem, forçosamente, o dever de saber fazer esta escolha. Quando um político mente para os seus pares e cidadãos, isso não pode virar regra, como vem acontecendo. A mentira para homens públicos não pode ser relativizada. Porém, quando ele não somente mente, mas se apropria de bens públicos, é muito mais grave e, provado o crime, não há que tergiversar quanto a punibilidade desse político e o seu expurgo da vida pública.

Milhões de brasileiros desejam exatamente isso: um basta em tanta impunidade e na falta de credibilidade na classe política e nas instituições que deveriam zelar pela boa prática pública. Não é possível mais aceitar pessoas que usam da política para defender unicamente os seus interesses privados e para enriquecimento pessoal, deixando de lado os interesses da sociedade. Uma grande parcela da imprensa brasileira acaba por colaborar de forma direta para a pouca politização desse debate, fortalecendo os corruptos.

O mais trágico é que, diante de todo esse cenário, os próprios Deputados e Senadores parecem não querer enxergar o óbvio: o Congresso Nacional está se desmoralizando numa velocidade avassaladora. Será preciso mais que uma lanterna de Diógenes para encontrar homens honestos em meio a essa escuridão moral e ética.

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Neemias Amancio é Diretor de Comunicação do Sindisan.

 

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