Nos anos 70 a DESO foi considerada uma das melhores companhias de saneamento do Brasil. Os serviços que prestava eram de qualidade e os usuários e trabalhadores se orgulhavam dela. Fardas eram distribuídas para os trabalhadores três vezes ao ano, materiais para os serviços básicos tinham em estoque suficiente em todas as cidades do estado, e os balancetes eram fechados sempre com superávit.

A realidade de hoje é completamente outra. Trabalhadores desmotivados por falta de condições de trabalho, usuários reclamando dos péssimos serviços prestados pela DESO, e até nutrindo um sentimento de ódio pela Companhia – já houve registro de ataques de usuários insatisfeitos a postos de serviços, como o que ocorreu em Poço Redondo, onde a comunidade chegou a atear fogo no escritório.

Se for feita uma pesquisa, a maioria dos usuários da DESO deve se colocar a favor da sua privatização ou de que ela passe a atuar com as famigeradas  Parcerias Público-Privadas (PPPs). Lembrando que, atualmente, serviços fins da DESO já estão sendo feitos por terceirizadas, o que fez cair e muito a qualidade dos serviços.

Os problemas são inúmeros. Para o trabalhador falta todo tipo de material necessário para executar as suas atividades e, quando tem material, este é de péssima qualidade. Sem contar que postos de atendimentos estão sendo fechados em todo o estado ou abrindo no máximo duas vezes na semana. A divisão dos setores Comercial e Operacional foi um tiro no pé e prejudicou ainda mais as atividades, porque fez surgir uma competição entre os trabalhadores desses dois setores.

Há registro de solicitação de religação de água desde novembro de 2014 e que até agora não foi atendida, como também novas ligações em algumas cidades, pois falta material para atender os pedidos, e quando não falta material, falta pessoal.

Tem um contrato da DESO com uma terceirizada para que esta faça ligação, cortes e religação de água. Entretanto, esse contrato é irregular, pois a Companhia firmou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público Federal, em 2012, que determina que serviços fins só podem ser feitos por trabalhadores efetivos da DESO.

E ficam os usuários a esperar por essas “gatas”, que muitas vezes quarteirizam o serviço a quem não têm condições de cumprir com os serviços, pois não obedecem aos padrões de ligação. Com isso, usuários, cansados de esperar, fazem ligações clandestinas e quem perde é a própria Companhia, que vê a sua receita cair a cada dia.

A DESO é um patrimônio do povo sergipano, uma Companhia que emprega mais de 1.500 trabalhadores diretos, sendo uma das empresas que mais gera empregos em Sergipe. Por sua atividade, aplica muitos e vultosos recursos federais para a construção de adutoras, ETAs e esgotamento sanitário, com isto, gerando muitos empregos indiretos, com forte impacto na economia do estado.

Com este relato, ficam as perguntas: por que estão deixando o patrimônio do povo sergipano chegar a essa situação de caos? Quem são os responsáveis por essa tragédia que se abate sobre a Companhia?

Quem tem mais de 20 anos na DESO e boa memória sabe que este sucateamento começou no governo de Valadares, que deu início às terceirizações. E os demais governos aplicaram cada vez mais esta fórmula do fracasso, de 1988 até os dias de hoje. Todas as administrações desses governos tiveram a sua parcela de culpa no desmonte da Companhia e na atual situação de penúria por que passa a DESO.

Esperamos que o atual governo reverta este cenário e recupere este patrimônio dos sergipanos. Para isso, basta oferecer aos seus trabalhadores as condições necessárias para que exerçam as suas atividades. Não é preciso terceirizar serviços ou fazer PPPs, tampouco privatizar, pois a DESO tem trabalhadores para atuar em qualquer companhia de saneamento do país.

O SINDISAN vai fazer uma campanha em defesa da DESO. Esperamos que todos os trabalhadores se engajem nessa campanha, principalmente os ex-diretores e gerentes que têm muita experiência e tiveram investimento da Companhia em suas formações.

Queremos uma DESO forte e prestando serviços de qualidade para a sociedade.

A DESO é de todos nós. Vamos à luta!