SINDISAN vê inconstitucionalidade em edital da Agrese sobre serviços da DESO
Por Habacuque Villacorte (FaxAju)
Já está em tramitação no Ministério Público Estadual (MPE) uma representação do SINDISAN (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Sergipe) que vê como “inconstitucional” o edital de chamamento público nº 06/2019 publicado pela Agrese (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Sergipe) para a elaboração de estudos sobre a universalização dos serviços públicos de fornecimento de água e esgotamento sanitário dos Municípios.
Há uma preocupação por parte dos trabalhadores no sentido que o governo do Estado promova, mais adiante, o processo de privatização da Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO). Segundo a representação formulada pelo SINDISAN junto ao MPE, o edital em questão ao subsidiar uma nova estruturação para universalização dos serviços, a Agrese “invade a competência e a autonomia constitucionalmente reservadas aos Municípios sergipanos e extrapola os limites de sua competência constitucional e legal“.
O Sindicato deixa claro que o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) possui um entendimento doutrinário e jurisprudencial que compete apenas ao Município tratar de serviço público de abastecimento de água e tratamento da rede de esgoto, seja diretamente, seja por concessão a empresa privada (ou pública). Em sua manifestação, o SINDISAN pontua que “Não pode outro ente federativo (GOVERNO DO ESTADO – AGRESE) querer interferir nessa atuação autônoma do Município“.
Ainda em sua representação, baseado no ordenamento jurídico em vigência, o Sindicato argumenta que a Agrese não tem competência atributiva, nem legitimidade para fiscalizar os serviços prestados pela DESO nos municípios e reforça que a Agência Reguladora revogou o Regulamento de Serviços da Companhia de Saneamento por meio de Decreto, em Maio passado, deflagrando o processo licitatório para outorga de concessões e permissões de serviços públicos, tendo inclusive solicitado todos os documentos pertinentes as concessões e contratos com os municípios.
Por entender que o Chamamento Público feito pela Agrese está “eivado dos vícios da inconstitucionalidade, tanto na esfera federal como na estadual“, lembrando o Regime de Gestão Associada, o SINDISAN apela ao Ministério Público Estadual no sentido que a Procuradoria da área instaure, o quanto antes, um Inquérito Civil e ajuíze uma Ação Civil Pública em seguida, para garantir as prerrogativas constitucionais dos Municípios. As entidades de representação dos prefeitos e os deputados estaduais devem se manifestar, se posicionar. Se o governo vai privatizar ou não a DESO, isso este colunista não sabe, mas pelo menos, está “preparando bem o terreno”…
Matéria originlamente publicada no FaxAju