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VAI TER RESISTÊNCIA! VAI TER LUTA!

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A tarde da quinta-feira, 16 de fevereiro, vai entrar para a história das lutas dos trabalhadores de Sergipe. Centenas de trabalhadores da DESO vindos da Capital e do Interior, sindicalistas, representantes de movimentos sociais e populares lotaram o plenário e as galerias da Assembleia Legislativa do Estado, todos com uma só bandeira: a defesa da DESO como empresa pública. Muitos ainda ficaram na Praça Fausto Cardoso, em frente à Alese, acompanhando a audiência, que era retransmitida em um carro de som.

A massa de trabalhadores e apoiadores – um recado claro ao governador Jackson Barreto de que vai ter luta e resistência à sua proposta de privatizar a Deso – participou da Audiência Pública, articulada pelo SINDISAN e promovida pelos mandatos da deputada estadual Ana Lúcia (PT) e do vereador de Aracaju Iran Barbosa (PT), que tratou do direito à água e, no centro do debate, a possível privatização da DESO e as consequências nefastas desse ataque ao maior patrimônio do povo sergipano.
A audiência contou com as participações do presidente do SINDISAN, Sérgio Passos, do presidente da CUT-SE, Rubens Marques, do presidente da OAB-SE, Henri Clay Andrade, e do presidente da Federação Nacional dos Urbanitários, Pedro Blois.

O engenheiro civil, sanitarista, e professor PhD em Saneamento da Universidade Federal da Bahia (UFBa), Luiz Roberto Santos Moraes, foi o palestrante convidado para debater o tema “A DESO como Companhia Pública: garantia do direito humano de acesso à água aos sergipanos”.

Moraes fez um resgate crítico dos vários processos de privatização das empresas de saneamento no Brasil e como este processo está sendo revertido em várias cidades do mundo, onde a privatização da água e do saneamento se mostraram um verdadeiro fracasso.

“Enquanto a tendência mundial é a reestatização, o Brasil vai na contramão e defende a privatização das empresas. Nós não podemos aceitar isso”, destacou.

Desmonte

Moraes também apontou o caráter privatista do atual governo ilegítimo de Michel Temer, que vem desmontando, em poucos meses, toda a construção feita nos governos Lula e Dilma do Plano Nacional de Saneamento Básico, sob coordenação do Ministério das Cidades, documento construído com ampla participação da sociedade e que aponta todos os caminhos para a universalização do saneamento básico no Brasil até 2033.

“Aí vem este governo, que  não foi eleito pelo povo, manda uma Medida Provisória (727), que foi aprovada pelo Congresso e convertida na Lei 13.334/ 2016, criando o Programa de Parcerias de Investimentos. Essa PPI significa a privatização de tudo. Nós temos que enfrentar e combater essa proposta porque ela é a radicalização do neoliberalismo em nosso país, é Estado mínimo com capitalismo sem nenhum risco para o capitalista. No caso de Sergipe, quero deixar um recado: água é vida, saneamento é saúde. DESO é companhia pública, é do povo. Não à sua privatização”, enfatizou Moraes, que foi muito aplaudido.

Recado ao governador

Para o presidente da CUT-SE, Rubens Marques, a força que os trabalhadores mostraram na Audiência Público e a adesão de vários segmentos sociais à campanha contra a privatização da DESO vai levar o governador Jackson Barreto a recuar.

“O trabalhadores entenderam o momento e deram uma resposta ao governador. Quero crer que diante de toda essa mobilização e do apoio da sociedade, Jackson vai ter que recuar da sua ideia de privatizar a DESO. O recado foi dado aqui. Vai ter luta”.

O presidente da Federação Nacional do Urbanitários, Pedro Blois, fez uma apresentação com dados que demonstram o caráter prejudicial da privatização do saneamento básico.

“Se a DESO for vendida, as camadas mais pobres serão extremamente prejudicadas. Em todos os lugares em que houve privatização o preço da água aumentou. Além disso, em todas as empresas vendidas houve a demissão em massa de trabalhadores”, disse Blois.

Sérgio Passos, presidente do SINDISAN, defendeu a união dos trabalhadores para salvaguardar a DESO desse novo ataque privatista. Para ele, o momento é difícil, mas só com os trabalhadores nas ruas, lutando e dialogando com a população sobre a importância da DESO na vida dos sergipanos é que será possível reverter o cenário.

“Temos que buscar o apoio da sociedade contra a privatização da DESO. A água e o saneamento são bens que devem ser universalizados por empresas públicas e não transformado em produto para favorecer o capital privado. O governador, em lugar de querer privatizar e de atacar os trabalhadores, como gestor, porque o Estado é o acionista majoritário da Companhia, deveria estar empenhado em buscar recursos do próprio BNDES e de outros bancos públicos para investir na DESO e nos dar melhores condições de trabalho para que possamos prestar um serviço com mais qualidade à população”, cobrou Passos.

“Entregar a DESO à iniciativa privada é um atestado de incompetência deste governo. Nós vamos à luta, resistir e enfrentar esses ataques à DESO e aos trabalhadores. Estamos só no começo. Estaremos no bloco Siri na Lata, da CUT, e com outras ações de luta do sindicato”, aponta.

 

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