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DESO: Expectativas iniciais deram lugar a quatro anos de muita decepção

Essa gestão que se vai, já vai tarde. Não deixará saudades. Ficou apenas a frustração da oportunidade histórica desperdiçada

Se houvesse uma palavra para retratar o sentimento dos trabalhadores da DESO em relação à gestão do período desofinal2007/2010 presidido pelo engenheiro Max Maia Montalvão, certamente a escolhida entre a maioria seria decepção. Ou mesmo frustração.

Passados quatro anos, podemos concluir que foram por água a abaixo as expectativas geradas por aquele discurso de mudanças que contagiou o povo sergipano para romper todo um ciclo de mais de 40 anos que não só a DESO viveu, mas todo o Sergipe, que era comandado por um mesmo grupo político.

No entanto, as propostas de mudanças foram esquecidas em nome da manutenção da política discriminatória herdada do governo João Alves (DEM), em meio a todo um cenário de opressão e perseguição. O histórico sindicalista, de quem já dirigiu entidade de classe não foi suficiente para diferenciar de outras gestões de direita de cunho autoritário. Senão vejamos:

1. NÃO HONROU PROPOSTA – Logo no inicio da gestão, em janeiro de 2007, nas negociações do Acordo Coletivo 2006/2007, ele enviou proposta estendendo o turno corrido para os novos contratados e promovendo a revisão do PCCS para o pessoal das classes salariais de 1 a 5, se comprometendo a concluir a revisão da segunda etapa do PCCS nas negociações do ano seguinte, quando seria contemplado o pessoal das classes salariais de 6 a 9. Essa demonstração de iniciar sanando dívidas históricas da empresa com seus empregados não demorou muito. Em menos de uma semana, ele voltou atrás, chegando ao cinismo de dizer que a proposta não existia, muito embora tratasse de um documento assinado;

2. REQUISITOS – Até diretores que não preenchiam os requisitos para o cargos exigidos no Estatuto da Companhia foram nomeados nesse período. Foi mais uma cabeçada dessa gestão;

3. PUNIÇÃO – Simples reivindicações de melhores condições de trabalho na área do Serviço Social foram tratadas duramente com a suspensão de duas funcionárias e a devolução de uma servidora pública cedida a DESO há mais de 10 anos. Embora ele tenha se comprometido perante o SINDISAN a rever a questão, mais uma vez não honrou a palavra;

4. ESCUDO – A velha prática de tentar confundir os trabalhadores também foi a marca dessa gestão, principalmente nos períodos de negociação do Acordo Coletivo. Copiou práticas do passado. Criou um escudo, ou melhor, usou o DAF como escudo, a exemplo de outras gestões que criaram escudos até com patente de coronel. A diferença ficou apenas no fato de que esse último escudo criado reside no fato de não ter patente militar;

5. DEMISSÕES – Demitiu vários empregados da raia miúda por justa causa, sem nunca buscar endurecer contra os superiores, que determinava tais procedimentos na empresa. Até mesmo o companheiro Josival, que tinha 31 anos de empresa, com efetiva participação na CIPA e nos movimentos reivindicatórios, gerando mais uma demanda judicial;

6. AUDITORIA – Até mesmo a contratação de uma empresa para realização de uma auditoria independente foi anunciada, em meio ao discurso de austeridade e de seriedade com a coisa pública, em resposta ao episódio da Operação Navalha, desencadeada pela Polícia Federal, que tornou pública a existência de um esquema de favorecimento via contratos e obras realizados pela DESO no governo anterior. O fato foi amplamente divulgado, em meio às interceptações telefônicas realizadas pela PF, com autorização da Justiça. Durante a Operação Navalha, onde até membros do Tribunal de Contas do Estado estavam envolvidos, à época. Inicialmente, o TCE interferiu, proibindo a realização dessa auditoria independente. Depois de idas e vindas, essa auditoria foi iniciada, mas, ao passar dos anos, o governo Déda (PT) e a direção da DESO jogaram-na no ralo do esquecimento sem que apresentasse qualquer informação sobre as auditagens.

7. PRIVATIZAÇÃO – Na surdina, num documento sob carimbo de “confidencial”, queriam privatizar toda a área de Manutenção e boa parte da área da Operação via terceirização, colocando em extinção uma série de cargos, para os quais não seriam mais contratados novos empregados para essas funções, hoje ocupados por 762 empregados, num política clara de favorecer a terceirização na DESO. O fato só não foi à frente graças a ação do SINDISAN, que denunciou o tal plano. Isso sem contar que foi nessa gestão que se promoveu a terceirização de quase toda a frota de veículos da empresa, cujos contratos deram o que falar depois de denúncias publicadas na imprensa, dando conta que a locadora de veículos era, na verdade, uma empresa de paisagismo e jardinagem.

8. CONQUISTAS – No tal plano confidencial, pretendia-se, ainda, lançar mão de conquistas históricas da categoria, como acabar com o turno corrido de seis horas na empresa, em meio a todo um esquema de pressão.

Ah!, não se pode esquecer daquele mal explicado episódio do pagamento de faturas à Construtora Gautama às vésperas de estourar o escândalo desencadeado pela Operação Navalha.

Enfim, essa gestão que se vai, já vai tarde. Não deixará saudades. Ficou apenas a frustração da oportunidade histórica desperdiçada. Espera-se que a gestão que se inicia não cometa os mesmos erros. Os trabalhadores e o povo de Sergipe não merecem isso. A DESO também não merece. Continuamos com o entusiasmo dos que acham que é possível mudar… e mudar para melhor!

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