Os perigos do individualismo

Todos os companheiros e companheiras deveriam saber da importância e a força que teríamos se todos marchássemos juntos em busca de um mesmo ideal. Sem a união e o apoio de toda a categoria não é possível alcançarmos vitórias em nossas reivindicações. Um dos nossos maiores obstáculos, que precisamos a todo tempo tentar evitar, é sem sombra de dúvidas o individualismo.
Sabemos que em uma sociedade capitalista o princípio moral é “primeiro cuida de ti para depois pensar nos outros”.

Como o Capitalismo é um sistema econômico baseado na exploração do homem pelo homem, não é possível nele a melhoria da vida de todas as pessoas, já que há exploradores e explorados. Assim, para manter a ilusão nesse regime econômico, a burguesia procura convencer a maioria explorada de que o segredo do sucesso é “não se importar em pisar nas pessoas, nem com o sofrimento de ninguém”.

Pode-se observar nitidamente esta afirmação vendo filmes, novelas, canções, revistas e jornais, como também nas escolas e universidades, onde o sistema burguês a utiliza para propagandear essa sua “moral”. Por isso, é comum vermos reportagens na TV destacando pessoas que colocaram seus projeto pessoais acima de qualquer coisa, “venceram na vida e hoje vivem felizes”.

Não importa quantos ficaram infelizes para que isso acontecesse ou quantos trabalhadores ficaram desempregados. O que interessa é que aquela pessoa conseguiu seu objetivo: ficou rica! Ser feliz é sinônimo de ter muito dinheiro e de poder comprar o que quiser, inclusive, o amor.

Para melhor fixar a sua ideologia, a burguesia e os seus representantes promovem a exaltação do individualismo com afirmações como a de que “o projeto pessoal é a coisa mais importante da vida de uma pessoa” e “os desejos e a vontade individual são sempre mais importantes que qualquer anseio coletivo”.

Mas seria possível esse tipo de evolução pessoal se a sociedade não funcionasse de forma coletiva?

Como seria a vida desse ser humano se a sociedade não tivesse trabalhadores atuando coletivamente e milhões e milhões de pessoas não tivessem lutado, muitas até doando suas vidas para que esse “eu-indivíduo” continuasse existindo? E que tipo de satisfação pessoal é possível quando se sabe que a cada três segundos uma criança morre de fome no mundo, que milhões de indivíduos vivem privados de água e de trabalho e os “donos do mundo” diariamente promovem guerras e assassinam centenas de pessoas” para sustentar o Capitalismo?

O individualismo é uma coisa astuta e pérfida: atrai insidiosamente o homem e a mulher para uma descida fatal. Sabemos que descer a ladeira é mais fácil que subi-la novamente, por isso o individualismo é ainda mais perigoso.

Não é raro em nossa categoria vermos companheiro/as dominados/as por esse individualismo. De repente passam a se imaginar tão bons e infalíveis que passam a teorizar que são mais importantes do que toda a categoria da qual fazem parte. Vaidosos, querem ser aplaudidos a todo instante e são contaminados por uma preguiça mental que os impede de raciocinar e de perguntar a si mesmos o que podem fazer pelos demais companheiros.

Muitas vezes se apresentam maravilhados de si mesmos e superiores a todos os outros companheiros de trabalho. Vez ou outra dizem que ainda têm muito o que aprender, mas o que pensam mesmo é que sabem mais que todos juntos. Muitos sequer comparecem ao seu Sindicato, pois não aceitam decisões tomadas de forma coletiva, não aceitam os debates, acham, infantilmente, que na hora que quiserem podem reverter todas as situações negativas em que, por ventura, caiam.

E o pior, companheiros que optam pelo individualismo exacerbado, pouco a pouco vão se afastando da convivência dos seus colegas de classe, uma vez que eles não se sentem obrigados a cumprir as decisões tomadas em assembleias e creem que sozinhos podem encontrar soluções melhores que as tomadas pela representatividade da categoria. Só temos que lamentar e pedir a esses companheiros uma reflexão profunda sobre suas ações.

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