Dirigentes vêm alertando os parlamentares municipais e prefeitos sobre os riscos para população de uma possível privatização dos serviços da Companhia de Saneamento de Sergipe

A direção do SINDISAN, sindicato que congrega os trabalhadores em água e esgotamento sanitário de Sergipe, tem feito uma verdadeira cruzada em defesa do saneamento básico público e contra a privatização da Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO) e dos Serviços Autônomos de Água e Esgoto (SAEE) no estado. O sindicato tem buscado o diálogo com prefeitos e com parlamentares federais, estaduais e, especialmente, municipais, já que a titularidade sobre os serviços de saneamento básico é do Município, de acordo com a Constituição.

Nessa cruzada, dando continuidade ao diálogo de esclarecimento sobre a proposta de concessão de parte dos serviços da DESO para a iniciativa por 35 anos, como vem construindo o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, nesta quinta-feira, 21, o presidente do SINDISAN, Silvio Sá, acompanhado do secretária-geral do sindicato, Aécio Ferreira, esteve na Câmara de Vereadores de Nossa Senhora dos Socorro. O Requerimento para o uso da tribuna foi do vereador Betinho (sem partido), presidente daquele Poder Legislativo.

Além de Socorro, até o momento os dirigentes sindicais já estiveram nas câmaras municipais de Aracaju, Barra dos Coqueiros, São Cristóvão, Itabi, Itabaiana, Estância, Propriá e Nossa Senhora da Glória, discutindo os riscos da privatização do saneamento no Brasil e em Sergipe.

Ao discorrer sobre o assunto, o presidente Silvio Sá destacou a posição de Nossa Senhora da Socorro dentro do bloco regional mais importante do estado e mais cobiçada pelo setor privado, a Região da Grande Aracaju, assim como os papéis social e estratégico que a DESO cumpre para os sergipanos enquanto empresa pública, especialmente em relação ao atendimento à população mais pobre e às comunidades situadas em áreas periféricas ou povoados. Sá também passou dados e informações sobre o cenário difícil enfrentado pela população das cidades onde a privatização do saneamento chegou, como nos municípios da Região Metropolitana de Maceió, hoje sob controle da empresa privada BRK Ambiental.

“A realidade lá, depois de quase dois anos da privatização, é que os serviços não melhoraram e as tarifas para os usuários foram às alturas. Em muitos municípios, a situação de muitos usuários é de desespero, sem conseguir pagar as suas contas de água, que se acumulam. E o modelo de privatização que o governador Fábio Mitidieri quer para Sergipe é o mesmo adotado em Alagoas. A única diferença é que lá foi em três blocos de municípios e aqui ele quer fazer em um bloco só. E quem vai pagar caro por isso é a população sergipana, especialmente os mais pobres”, alertou o sindicalista.

“Nós sabemos que a DESO tem problemas, que ela precisa melhorar os seus serviços; mas não é privatizando esses serviços que se vai resolver os problemas. O que precisa é melhorar a gestão e de mais investimentos, que estão chegando. Muitas obras de saneamento básico já estão sendo executadas pela DESO e há muitas outras planejadas para os municípios em que há deficiências no abastecimento e no esgotamento sanitário. A DESO é superavitária, tem comprovada capacidade de endividamento e está entre as 13 melhores companhias públicas do setor no Brasil. Por que, então, entregar esse patrimônio do sergipanos ao setor privado, que só tem interesse no lucro e em atender apenas as localidades em que tiver retorno financeiro?”, questionou Silvio Sá, pedindo o apoio dos vereadores para barrar a proposta de privatização que vem sendo construída.

Respondendo aos vereadores

O presidente do SINDISAN ainda respondeu a vários questionamentos dos vereadores, tirou dúvidas quanto aos problemas que a DESO tem no município, apontou obras que a Companhia vem executando ou irá executar para melhorar os serviços naquela região, e se dispôs a participar de uma audiência pública para discutir melhor o tema, com mais tempo e a participação de outras vozes.

O vereador Betinho, proponente da Tribuna Livre, agradeceu pela explanação do sindicalista e lamentou o pouco tempo disponível para o debate, já que haveria votação de projetos no mesmo dia.

“Infelizmente, o tempo não dá para o tanto de questões que precisam ser tratadas em relação à DESO e para responder aos tantos questionamentos que os vereadores têm sobre esse assunto. Para discutir a DESO em relação aos seus serviços e os inúmeros problemas a serem resolvidos, precisaríamos de um dia inteiro. Mas nós agradecemos ao presidente do SINDISAN pela disposição de vir aqui e pelas informações importantes que ele nos passou. Talvez numa sessão especial possamos tratar melhor dessas questões”, colocou o vereador Betinho.