Os princípios liberais
O INDIVISUALISMO é o princípio liberal fundamental, que vai influenciar todos os outros. Assim, o homem é, por natureza, o individuo (o que não se divide), portanto naturalmente egoísta. Ele só se relaciona com outros seres humanos por conveniências, através de uma espécie de “contrato social”. É lógico, portanto, que cada um se preocupe, acima de tudo em conseguir vantagens para si mesmo. Por isso apontam-se saídas individualistas para o problema de cada trabalhador, iludindo-o com a possibilidade de ascensão social, de ganhar na loteria, ou então incentivando-o a se tornar um puxa-saco dos patrões.
A COMPETIÇÃO decorre imediatamente do individualismo. Para vencer na vida é preciso competir (o que implica derrotar os outros e fazê-los de degrau). E vencer na vida significa, acima de tudo, conseguir uma situação econômica vantajosa. Mas, além da competição econômica direta, há também a competição entre o homem e a mulher (machismo e feminismo); a competição racial, que acompanha o preconceito contra os negros; a competição com o homem do campo, chamado de caipira.
A LIBERDADE que a burguesia difunde é, em primeiro lugar, a liberdade de empresa, a liberdade de dispor do seu capital particular, de acordo com seus interesses, aplicando-o no ramo que julga mais lucrativo, e explorando a força de trabalho do proletário, que se vende “livremente”. E essa liberdade de empresa é a liberdade fundamental, para a burguesia, sem a qual todas as outras liberdades são impossíveis. Por isso, a burguesia diz que onde não existe a liberdade de empresa, como nos países socialistas, simplesmente não há liberdade, e chama o seu mundo de Mundo Livre.
O outro princípio é o da PROPRIEDADE. Mas, como nota Marx, não se trata da propriedade em geral, mas da propriedade burguesa, isto é, da propriedade do capital. Na realidade, esta propriedade só pode existir para a minoria burguesa, com a condição de que a maioria, que são trabalhadores, não tenha propriedade nenhuma, a não ser sua força de trabalho. Repara-se como, nas greves, o Estado vem em defesa da propriedade da burguesia, e se coloca contra a propriedade do trabalhador, que é a sua força de trabalho.
A IGUALDADE que a burguesia defende é a igualdade jurídica. Todos são iguais perante a lei. Já vimos como a igualdade econômica é puramente formal. Consta no papel, mas não existe na prática. Aliás, no dia a dia, o que se diz é outra coisa: que existem os de cima e os de baixo. E que é melhor se conformar, respeitando e obedecendo aos de cima, como os patrões, os chefes, as autoridades, etc.