SINDISAN defende a Deso e contesta meias verdades sobre empresa privada de saneamento
Há alguns dias saiu na imprensa local notas do ex-prefeito de Aracaju e ex-secretário de Estado, o empresário João Augusto Gama, cantando maravilhas da empresa de saneamento Aegea Saneamento e Participações – uma das ganhadoras do recente leilão da Cedae, do Rio de Janeiro –, e criticando a Companhia de Saneamento de Sergipe, a Deso. Se vangloria de, no governo golpista de Michel Temer, do seu partido, o MDB – e que foi preso depois por corrupção –, ter tentado negociar a privatização da Deso junto ao BNDES, quando o Governo de Sergipe aderiu ao programa, assinou contrato com o banco de desenvolvimento para licitação do projeto de privatização e, em 2018, desistiu, para lamento do político e empresário.
A direção do SINDISAN, sindicato que congrega os trabalhadores em saneamento de Sergipe, contesta a fala privatista de Gama, que incensa a Aegea como uma grande empresa privada de gestão do saneamento com meias verdades para ludibriar os incautos. O que o senhor João Augusto Gama não fala é que a Aegea, por exemplo, opera na cidade de Manaus há 20 anos e a qualidade dos serviços prestados à população não melhorou em nada por lá, só encareceu.
“Em Manaus, com a Aegea, 18% da população não têm acesso à água potável e somente 12% dos habitantes da capital têm coleta de esgoto; enquanto Aracaju, com a Deso, 99% da população têm acesso a água tratada e daqui a dois anos contará com 80% de esgotamento sanitário; sem contar que a tarifa em Manaus é cerca de três vezes mais cara que a de Aracaju”, aponta Sérgio Passos, secretário-geral do SINDISAN.
O dirigente lembra de um dado fundamental que é sempre omitido por quem só pensa em privatização: o subsídio cruzado. Passos destaca que Aracaju é responsável por cerca de 60% da arrecadação da Deso, e é graças a essa arrecadação, através do subsídio cruzado, que é possível os investimentos em abastecimento e esgotamento sanitário na maioria dos municípios sergipanos (cerca de 90%) que são deficitários e onde empresa privada nenhuma vai querer investir.
Enquanto canta as maravilhas da privatização, o empresário João Augusto Gama não sabe ou, se sabe, omite que mais de 260 cidades importantes do mundo, por problemas de operação, universalização e altas tarifas, estão abandonado o modelo privatizado para reestatizar as suas empresas de saneamento, a exemplo de Paris, Berlim, Roma, Buenos Aires, Cochabamba, Indianápolis, Atlanta, entre outras. Se nessas cidades modernas o modelo não deu certo, porque nas cidades sergipanas daria?
“Gama também omitiu na sua fala que o recuo do Governo de Sergipe do programa de privatização do BNDES para a Deso foi por ação do SINDISAN junto aos trabalhadores da Companhia e debatendo com a sociedade, em audiências públicas na Assembleia Legislativa e nas câmaras de vereadores, e nas várias manifestações que realizou na capital sergipana, sempre envolvendo parlamentares comprometidos e diversas entidades da sociedade civil. Foi pressão dos trabalhadores e do povo que entendem que água não é mercadoria ou privilégio de alguns, mas direito de todo ser humano e dever do Estado fornecer. Por isso continuaremos na luta contra qualquer forma de privatização deste patrimônio do povo sergipano, que é a Deso”, enfatizou Sérgio Passos.