As narrativas manipuladas para prejudicar os sindicatos
O sindicato é um legítimo instrumento de organização e de luta do trabalhador, mas a forma como a mídia o apresenta, muitas vezes serve a um propósito maior: deslegitimar a luta da classe trabalhadora. A grande mídia, controlada por grandes grupos empresariais, não age como um veículo neutro de informação, mas sim como uma ferramenta para moldar a opinião pública, enfraquecer os sindicatos e favorecer o capital.
No último dia 16 de setembro, o SINDISAN enfrentou exatamente essa “prática antissindical” engendrada por um grande veículo de comunicação de Sergipe, que procurou o sindicato para que um dos seus dirigentes pudesse opinar sobre o rompimento de trecho da Adutora do São Francisco que afetou duramente a população da Grande Aracaju, que ficou sem água por vários dias. O que era para ser uma reportagem esclarecedora, tornou-se um verdadeiro golpe de manipulação.
O dirigente do SINDISAN claramente apontou a repórter que parte do problema da falta de água não se devia ao rompimento da adutora em si, mas ao pouco tempo de operação assistida entre a DESO e a Iguá Sergipe (cinco meses), não havendo tempo suficiente para a Iguá conhecer e operar um sistema tão complexo para a realização de uma rodízio no abastecimento de água para minimizar o problema, algo que a DESO levou anos operando, com profissionais experientes e que deixaram a empresa com o PDV.
Pois, na edição final, corta dali, emenda daqui, a fala original do sindicalista foi totalmente distorcida e retirada de contexto. A manipulação ocorreu ao juntar os dois pontos, criando a falsa impressão de que os trabalhadores da área de manutenção da adutora seriam inexperientes. Essa interpretação incorreta foi reforçada pela supressão de um trecho fundamental da entrevista, na qual o diretor do sindicato elogiava a dedicação dos colegas desianos. A fala foi tirada de contexto, alterando a intenção original, prejudicando o sindicalista.
Criminalização
Estratégias de manipulação como essa se manifestam, também, de outras formas para prejudicar a luta dos trabalhadores e os seus sindicatos. Elas são focadas em desviar a atenção da população das causas reais dos problemas para beneficiar o sistema capitalista como um todo.
Peguemos, por exemplo, as greves de trabalhadores. Uma das táticas mais comuns da mídia é a criminalização dos protestos, retratados como atos de desordem, sempre focando no “transtorno” causado à população, ao invés das reivindicações legítimas dos trabalhadores. A cobertura também se concentra em quantificar os “prejuízos” financeiros das paralisações, mas ignora os altos lucros das empresas e as condições de exploração que levaram à greve.
A mídia atua para deslegitimar as pautas dos trabalhadores e as suas lutas. Essa narrativa é construída com o objetivo de minar a solidariedade e manter a população em geral distante das causas da classe trabalhadora.
Os teóricos e críticos de esquerda são taxativos em argumentar que toda essa manipulação, como a que sofreu o dirigente do SINDISAN, não é acidental, mas sim uma estratégia deliberada para proteger os interesses do capital, silenciar a voz dos trabalhadores e impedir o avanço de suas conquistas sociais e econômicas.
Portanto, fica a lição: Não dá para confiar na “mídia do patrão”!
