Na luta contra a proposta de privatização da Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO), a direção do SINDISAN realizou uma reunião com os trabalhadores e trabalhadoras, no pátio principal da sede da empresa, em Aracaju, na manhã desta segunda-feira, 16. A reunião teve como pauta central passar informes para a categoria da atual situação da DESO, diante da divulgação recente do documento do BNDES intitulado “Estruturação de projeto de participação privada para a universalização da prestação de serviços públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário no Estado de Sergipe”, cujo conteúdo trouxe bastante preocupação à direção do sindicato e aos trabalhadores.

O documento, parte dos estudos encomendado pelo Governo do Estado ainda na gestão de Belivaldo Chagas com vistas à desestatização da DESO, ainda não tem caráter conclusivo, mas já aponta para a concessão para a iniciativa privada dos serviços de distribuição de água, esgotamento sanitário e faturamento da estatal, com a sugestão de demissão de quase 1 mil empregados efetivos.

No diálogo com os trabalhadores, os dirigentes do SINDISAN buscaram tranquilizar a categoria, passando vários informes das movimentações que o sindicato vem fazendo nos campos político e jurídico, no sentido de buscar caminhos para tentar barrar qualquer proposta de privatização da DESO, tendo em vista que a companhia já demonstrou ter capacidade técnica e financeira para alavancar recursos, realizar as obras necessárias para melhorar o abastecimento de água nas cidades deficitárias e alcançar as metas de universalização previstas no novo marco legal do saneamento.

Para além disso, o sindicato tem buscado caminhos para sentar à mesa com o governador Fábio Mitidieri e discutir alternativas para melhorar os serviços da DESO sem que para isso o Estado entregue os serviços da companhia para a iniciativa privada, o que terá enormes impactos nas tarifas cobradas à população, bem como na economia e no comércio, já que além das quase 1 mil demissões de efetivos previstas na proposta preliminar, há que se considerar que cerca de 3 mil terceirizados também terão seus empregos ceifados.

“Caso haja a concessão para a iniciativa privada, a DESO ficará apenas com a captação e tratamento da água. A empresa privada que arrematar a concessão vai vir com os seus próprios funcionários para os demais setores. Portanto, haverá demissão em massa, como aconteceu em outros estados onde houve a privatização das companhias de saneamento. O governador Fábio Mitidieri precisa avaliar o impacto econômico e social dessas demissões em um estado como Sergipe, pequeno e cujo setor comercial é frágil. Estamos tentando o diálogo com o governador para buscar alternativas menos impactantes e viáveis em relação à DESO”, explicou Silvio Sá, presidente do SINDISAN.

Negociação do ACT

Silvio também chamou a atenção para o momento em que “vazou” o documento do BNDES, exatamente quando a categoria apresentou a pauta de reivindicações para o Acordo Coletivo de Trabalho da DESO e aguarda apenas a contraproposta por parte da direção da empresa para iniciar a discussão.

“Causou-nos muita estranheza esse documento vazar neste momento, justamente quando vamos sentar com a direção da DESO para discutir o Acordo Coletivo de Trabalho. Será que é uma tentativa de fragilizar a categoria e desmobilizar para a luta em torno das nossas reivindicações? Se for, não conseguirão, porque a nossa categoria, apesar da apreensão do momento, está ciente e sabe que só a unidade e a luta nos permitirão vencer essa batalha contra a privatização da nossa companhia de saneamento e avançar nas negociações do nosso acordo coletivo”, enfatizou Silvio Sá, tranquilizando os trabalhadores e lembrando que muitas das estratégias traçadas pelo sindicato precisam ser tratadas com sigilo para não municiar os que defendem a privatização.

Entre as deliberações para a luta contra a privatização, ficaram pré-agendadas mobilizações para a próxima sexta-feira, 20/10, com ato dos trabalhadores da DESO no evento Sergipe Aqui, que acontecerá na cidade de Riachuelo, e para uma tribuna livre, que deverá acontecer na primeira quinzena de novembro, na Câmara de Vereadores de Aracaju e que se transformará num dia de luta em defesa da DESO pública. O sindicato aguarda apenas a confirmação do dia por parte do presidente da Casa, o vereador Ricardo Vasconcelos (Rede).