A manhã da quarta-feira, 22, foi de muito diálogo com a população. Puxada pelo SINDISAN, a IV Caminhada da Água uniu sindicatos, movimentos sociais e populares, parlamentares e trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo em torno de duas pautas centrais: as defesas da água e do saneamento básico como direitos humanos inegociáveis e da Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO) como empresa pública, contra a sua privatização.

A marcha teve início na sede da Companhia, onde foi realizado um ato público em defesa da estatal, e percorreu ruas dos bairros 13 de Julho e Grageru em direção ao Palácio de Despachos do Governo. Lá, os participantes somaram-se aos professores e professoras das redes públicas de ensino municipal de Aracaju e estadual que estavam em dia de paralisação e luta por direitos. A Caminhada também recebeu a adesão de indígenas da tribo Xocó, que vieram da Ilha de São Pedro, em Porto da Folha, para reforçar, com suas danças tribais e energia, a luta pela água e saneamento como bens públicos.

Durante o percurso, foram muitas as falas defendendo o direito humano de acesso à água e ao saneamento básico, bem como destacando a importância da DESO como empresa pública plenamente capaz de assegurar esse direito a toda população, independente do poder aquisitivo ou da localidade onde esteja situada, diferente da lógica da iniciativa privada que só opera onde puder obter lucro máximo.

“Foi uma caminhada exaustiva mas muito bonita e participativa. 22 de março celebramos o Dia Mundial da Água e a data é ideal para o diálogo com a população sergipana sobre o direito à água e ao saneamento. Sem água não vivemos, sem saneamento básico nossa saúde é ameaçada por várias doenças. Portanto, sendo bens vitais e essenciais, não podem ser tratados como mercadorias, onde só quem puder pagar tem acesso. É neste sentido que também fizemos a defesa da DESO como empresa pública, contra a sua privatização, porque só ela será capaz de universalizar o acesso à água e ao esgotamento sanitário a baixo custo para toda população e chegando em todas as localidades, sejam centrais ou periféricas”, destacou Silvio Sá, presidente do SINDISAN.

Liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Maria da Graça, com toda a sua sabedoria de sexagenária, lembrou que parte dos problemas pontuais que a DESO enfrenta é questão de gestão e ingerências políticas, e que não é privatizando que se resolverão esses problemas, mas com investimentos e choque de gestão.

“Nós sabemos que a DESO tem problemas, mas é questão dos governantes e dos políticos que ficam sentados em seus gabinetes e não fazem as coisas certas para atender melhor o povo com água e esgoto, porque os trabalhadores da empresa dão duro, fazem os seu trabalho, às vezes arriscando até a vida, mas a água muitas vezes não chega nas comunidades. Precisa melhorar, mas privatizar não. Privatizar só interessa aos governantes que não querem trabalhar para o povo. Água é vida, sem água ninguém vive. Não podemos deixar a nossa água nas mãos de quem só quer ganhar dinheiro. Nós dizemos não à privatização da DESO, não à privatização da água, e vamos à luta”, afirmou a liderança popular.

Para o diretor de Comunicação do SINDISAN, Rafael Barros, a IV Caminha da Água cumpriu com o seu objetivo, agregando diversas categorias de trabalhadores, movimentos sociais e populares na defesa do direito à água e contra a privatização da DESO.

“Foi uma caminhada maravilhosa e exitosa promovida por nosso sindicato. Todos que se somaram a ela estão de parabéns. Pudemos dialogar com a população, defendendo a DESO enquanto empresa pública, e a água como bem comum, não como mercadoria. Foi uma caminhada exaustiva mas também de resistência para dizer não à privatização da DESO e não à privatização da água. Vamos nos manter na luta até que o governador Fábio Mitidieri entenda que é da sua competência manter a DESO como empresa pública para que seja garantida a universalização dá água e do esgotamento sanitário aos sergipanos”, apontou o dirigente sindical.

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