Trabalhadores da Cohidro vão à luta contra falta de negociação da direção

Um peso e duas medidas. É nessa lógica que os trabalhadores da Cohidro estão sendo tratados pela atual direção da Companhia e pelo “Governo da Mudança”. No ano passado, os servidores tinham a receber da Cohidro R$ 33 milhões por dívidas trabalhistas relativas aos dissídios de 1999, 2003 e 2004, inclusive com ordem da Justiça, que queria até mesmo o leilão da sede para sanar a pendência. Mas, os trabalhadores, em assembleia, decidiram pela redução da dívida para R$ 13 milhões e pelo pagamento em 24 parcelas. Tudo para que a companhia não quebrasse de vez.

Teve deputado governista que saiu por aí alardeando que o Governo conseguiu negociar a dívida de forma positiva. Mentira. Foram os trabalhadores que abriram mão de R$ 20 milhões para não ver a Cohidro na lona.

Em troca, os trabalhadores receberam este ano da direção da empresa uma porrada: todos os servidores poderão ter seus salários cortados a partir do próximo dia 30, por conta de possíveis irregularidades detectadas pelo Tribunal de Contas do Estado relativos aos reajustes salariais e promoções concedidos na gestão Roberto Alves, há cinco anos. E caso os trabalhadores tenham que devolver retroativo, o montante pode chegar a R$ 1 milhão.

O Sindisan não aceita isso e já tentou de todas as formas, inclusive por via judicial, evitar os cortes nos salários e os prejuízos para os trabalhadores, mas sem sucesso.

“Agora cabe o bom senso da direção da Cohidro, porque, no ano passado, os trabalhadores negociaram e parcelaram em 24 meses uma dívida de R$ 33 milhões da Cohidro. Agora, neste momento difícil para os trabalhadores, a direção não quer negociar uma alternativa. Querem logo cortar os salários. É um tratamento desigual, um peso e duas medidas. Não foi para isso que elegemos este governo”, falou o presidente do Sindisan, Sérgio Passos.

Sérgio vem defendendo há meses junto ao presidente da Cohidro, Osvaldo Nascimento, que seja criada uma comissão de avaliação dos salários para que estes sejam analisados caso a caso. “Mas ele está querendo é cortar os salários, até porque o governo precisa de dinheiro pra cobrir os acordos que fez com outras categorias de servidores. Os trabalhadores da Cohidro não podem pagar por erros cometidos por administrações anteriores, nem devem pagar por acordos feitos pelo governo Déda. Não vamos admitir redução salarial para nenhum servidor. Afinal, foram cinco anos recebendo essas gratificações e promoções. Tirar agora, de uma só vez, é injusto para com os trabalhadores”, alerta Sérgio.

Ele lembra que muitos dos servidores fizeram empréstimos consignados, inclusive com autorização da Cohidro, adquiriram bens, fizeram compras em cartão de crédito, colocaram os filhos em escolas melhores, fizeram um projeto de vida contando com o que ganham. Um corte brutal nos salários seria um crime contra esses servidores, que podem ter redução de até 60% dos seus salários.

“Tem pessoas inclusive doentes, com depressão, por conta dessa situação. Não é possível que não se queira negociar uma saída alternativa. É muita falta de sensibilidade da direção e um desrespeito ao maior patrimônio da empresa, que são seus trabalhadores”, diz o presidente do Sindisan.

 

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