Trabalhadores rurais apoiam a luta contra privatização da DESO
Diante dos problemas que a população local vem enfrentando com as constantes interrupções no fornecimento de água, o Colegiado do Alto Sertão realizou reunião, no dia 18, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, em Monte Alegre, para discutir a questão, como também debater as consequências de uma possível privatização da DESO, como vem ensaiando o Governo do Estado. A Direção do SINDISAN foi convidada a participar e se fez presente com os companheiros Jorge Tupi e Iara Nascimento.
Também participaram da reunião representantes de entidades que congregam o Território da Cidadania do Alto Sertão, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, Movimento do Pequenos Agricultores – MPA, Sociedade de Apoio Socioambietalista e Cultural – SASAC, Instituto Nordeste de Inclusão Social – INIS, e GT de Gênero do Alto Sertão. Também estiveram presentes representantes da UFS, Emdagro, Seagri e BNB.
O diretor do SINDISAN, Jorge Tupi, fez uma longa explanação para os presentes sobre as razões para a falta de água na região. Um dos mais graves são os rompimentos frequentes da adutora do Alto Sertão. Tupi explicou que o problema não é culpa da DESO nem dos seus trabalhadores, mas da qualidade das tubulações utilizadas na obra, de PRFV (Plástico Reforçado com Fibra de Vidro), que são inapropriadas para o tipo de terreno da região, muito rochoso, e tendo que aguentar pressões superiores à sua capacidade.
O tipo da tubulação foi imposição do Ministério das Cidades, que financiou a adutora. Além disso, lembrou Tupi, o fiscal da DESO, durante a construção, criticou o modo que a Celi estava realizando a obra, sem uma “cama de areia” para evitar o contato direto dos canos com as rochas, e ele acabou retirado a pedido da construtora. Como resultado, os rompimentos dessas tubulações são tantos que a adutora acabou apelidada de “Adutora de Isopor”.
O diretor do SINDISAN apontou que o sindicato vem tentando, sem sucesso, uma audiência com o governador Jackson Barreto para tratar dos problemas da DESO. Tupi também falou dos planos de privatização do governo sergipano, que já aderiu ao programa do Governo Federal de desestatização via BNDES. Trocando em miúdos, que o Governo de Sergipe pode sim privatizar a DESO dentro de uma modelo ainda a ser apresentado.
Muitos dos presentes criticaram os serviços da DESO, mas foram unânimes em defender a sua manutenção como patrimônio público. Foram totalmente contra a privatização, entendendo que a água não pode ter dono e que, sendo privada, vai ser muito pior para os camponeses e para a população de baixa renda.
Como exemplo, foi citado o caso da Energisa (antiga Energipe), onde a luz que chegou à população do campo foi através do programa “Luz Para Todos”, implantado no governo do presidente Lula.
“Os representantes do Colegiado do Alto Serão apoiam a agenda de lutas do SINDISAN e confirmaram que vão participar da audiência pública e demais atividades contra a privatização da DESO, mas cobraram melhorias urgentes e mais responsabilidade da Companhia”, destaca Iara Nascimento.